Crise na Petrobras gera disputa por vaga no conselho

Por: Bruno Rosa
Fonte: O Globo
A crise dos dividendos na Petrobras abriu uma verdadeira corrida dentro do
governo e entre investidores privados para emplacar indicações na nova
composição do Conselho de Administração da estatal, que será votada pelos
acionistas no dia 25 de abril. Pelas regras, os nomes devem ser públicos ao
menos 30 dias antes da assembleia.
A União, que tem seis das 11 cadeiras, prepara mudanças na lista que já estava
predefinida desde o início de fevereiro. Na semana passada, em meio à crise
entre a direção da estatal e os integrantes do colegiado indicados pelo governo,
foi anunciado que o Ministério da Fazenda terá direito a indicar um nome. O
cotado é o secretário executivo adjunto da pasta, Rafael Dubeux.
Até o presidente do colegiado
Porém, diversas fontes ouvidas pelo GLOBO acreditam que a intenção do
governo de fazer o rodízio de conselheiros entre as estatais tem como objetivo
evitar novas crises como a da Petrobras. Por isso, dizem, o governo não descarta
trocar mais nomes na petroleira sem gerar atrito com aliados políticos ou
ministros.
Em um dos encontros, chegou a ser aventada a troca do presidente do Conselho
de Administração da estatal, Pietro Mendes. Procurado, ele não retornou.
A corrida também está disputada entre os fundos privados, que hoje têm quatro
assentos no Conselho. Segundo uma fonte, há pelos menos seis candidatos com
“grande potencial”. Um dos quatro conselheiros que representam os
minoritários não pode mais ser reconduzido.
Ontem, a Associação de Investidores no Mercado de Capitais (Amec) fez uma
reunião com a presença dos principais candidatos indicados pelos acionistas
minoritários para apresentarem suas ideias.
Havendo mais candidatos minoritários do que vagas, a eleição se torna muito
mais complexa. Teoricamente, o que atenderia o melhor interesse da empresa e
dos minoritários era buscar uma coalizão, de modo a ter nomes de consenso
para as vagas disponíveis. Quanto mais candidatos tiver, melhora a posição do
governo na eleição dos nomes deles — diz o advogado Leonardo Antonelli,
representante de investidores minoritários.
A Amec disse ainda que há um grave ruído entre a Petrobras, os seus acionistas
privados e o governo federal. O presidente da instituição, Fábio Coelho,
afirmou, em nota, que os ritos processuais, comuns em companhias de capital
aberto, estão comprometidos, e os canais institucionais da estatal não estão
sendo respeitados.
“A gente aguarda até uma certa manifestação da própria área técnica da CVM
cobrando postura dessas partes interessadas que estão se manifestando em
nome da companhia. Isso não pode acontecer, sob pena de sanção”, afirmou
em nota.